Mais Mulheres na Engenharia
A presença feminina no ensino superior tem vindo a crescer significativamente, mas essa evolução não se reflete de igual forma em todas as áreas do saber. A engenharia, área crucial para o desenvolvimento da sociedade, é uma das áreas onde essa disparidade se verifica e onde as estatísticas continuam a revelar um grande desequilíbrio entre homens e mulheres.
Segundo dados do relatório Global Education Monitoring Report de 2024 emitido pela UNESCO, em média, apenas cerca de 35% dos diplomados em STEM - Science, Technology, Engineering and Mathemathics são mulheres, e essa proporção está estagnada há 10 anos.
Mas, mesmo dentro dos assuntos STEM existem variações e as mulheres diplomadas em Engenharia representam ainda um número mais baixo, de apenas 28%.
Essa realidade reflete-se depois na vida profissional, na Ordem dos Engenheiros Técnicos, no total dos nossos membros, 19,2% são engenheiras técnicas, face aos 80,8% de engenheiros técnicos.
Em algumas especialidades, como engenharia Eletrónica e de Telecomunicações, Energia e Sistemas de Potências, Mecânica, Informática, Proteção Civil e Materiais, Industrial e Qualidade essa percentagem de membros femininos é inferior à média total. E se olharmos para a especialidade de engenharia Física Tecnológica, a história conta-se apenas no masculino.

As mulheres na engenharia, representam ainda uma minoria, enfrentando frequentemente desafios como o preconceito da sociedade e dos pares masculinos, a falta de representatividade e a dificuldade de acesso a cargos de liderança.
Por que precisamos de mais mulheres na engenharia?
A engenharia é, por natureza, uma área dedicada à ciência e tecnologia, para a resolução de problemas. Construir equipas de pessoas com diferentes formas de pensar, vivências, culturas e valores, aumenta a criatividade e a inovação. A diversidade de género é um fator essencial para projetar soluções mais inclusivas, eficientes e representativas das necessidades reais da sociedade.
Historicamente, as mulheres foram desincentivadas a seguir profissões técnicas. Há que corrigir esse desequilíbrio na sociedade, pois todas as pessoas deverão escolher a sua profissão com base nos seus interesses, aptidões e talentos e não por uma questão cultural de género.
A presença de mulheres na engenharia serve de inspiração para gerações mais novas. Quando meninas e jovens mulheres conseguem tomar como modelos a seguir, outras mulheres que se destacam nas diferentes especialidades da engenharia, isso alarga o seu leque de escolhas para futuro, levando à mudança.
A mudança de mentalidades, começa na infância com brinquedos e brincadeiras que reforcem a igualdade de géneros. Passa por pais, familiares, educadores e professores, que identifiquem os interesses, aptidões e talentos de cada individuo. Passa por líderes, chefias e colegas de trabalho que reforcem a igualdade de género nas oportunidades de desenvolvimento profissional e promovam um ambiente inclusivo.
Na Ordem promovemos a mudança e acreditamos que a engenharia com mais mulheres será uma engenharia mais preparada para a resolução dos problemas tecnológicos da nossa sociedade. Apoiamos as engenheiras técnicas a crescer profissionalmente e a servir de exemplo a outras jovens.
Desta forma comemoramos esta data pois, incluir homens e mulheres de forma equitativa em todas as 18 especialidades da engenharia é uma necessidade ética e estratégica para a Engenharia do Futuro.
Isabel Morgado
Vice-Presidente da OET
